quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O velho e o Chopin


- Esta vila é muito bonita, não é Chopin? – Perguntou enquanto esfregava as mãos uma na outra, tentando aquecer-se.
Chopin olhou para ele e deitou-se no chão, com o estômago colado às costas, de tanta fome.
- Dantes, quando eu trabalhava aos fins-de-semana, e chegava cansado, a minha mulher tinha sempre à minha espera uma ceia de faisão. Já te tinha dito isto Chopin? – Disse, em jeito de afirmação vaga, enquanto olhava em volta com os olhos perdidos. Tosse de forma dolorosa durante um minuto e depois pára, de peito cansado.
O banco de jardim estava gelado e húmido. O velho sentia o frio a atravessar-lhe a pele, a carne e por fim a chegar aos ossos gastos, onde doía como se lhe estivessem a espetar facas. Afaga os joelhos cansados… o tecido das calças, surrado e roto, ameaçava desfazer-se a qualquer momento, desprendendo-se daquele corpo humano, como fuligem que se solta de uma chaminé.
- Vem Chopin, vamos tentar comer qualquer coisa. – Tosse novamente, em agonia… leva um lenço à boca para se limpar, e fica por uns momentos a olhar para o sangue. Suspira e volta a enfiar o lenço sujo num bolso ainda mais sujo. Caminham lado a lado, lentamente, ao ritmo da velhice e da doença que lhe corroía a carne. Passam por uma árvore de Natal da altura de dois homens, coberta de laços vermelhos e bolas de vidro coloridas. Por baixo, repousava um presépio, de estatuetas toscas esculpidas em madeira e de cores sumidas pela idade.
A padaria estava envolta numa nuvem de fumo que cheirava a bolos e a pão quente. Na porta estava pendurada uma coroa de azevinho, carregada de bagas vermelho vivo.
- Bom dia minha menina! Não me arranja nada com que entreter os dentes? A mim e ao Chopin… que ainda está com mais fome que eu. – Os seus olhos de raios cinzentos salpicados de verde, sorriem de forma amena, reflectindo uma bondade latente. A rapariga por detrás do balcão sorri-lhe com franqueza.
- Ontem apanhei uma descompostura do meu pai! Não lhe posso dar comida todos os dias, senhor. Olhe, posso dar-lhe um pãozinho de leite com queijo e uma chávena de café quente, pode ser? – Ouviu a própria voz sair da garganta, carregada de culpa e pena.
- E para o Chopin? – Perguntou com desalento e rugas tristes.
Chopin, olhava ora para um, ora para outro, impávido.
- Não posso, só lhe posso dar a si. Ao seu cão não pode ser… tenho muita pena. – Disse, enquanto preparava o pão-de-leite e chávena de café a ferver.
O velho dividiu a preciosa iguaria em três partes iguais. Deu duas ao cão e comeu a outra lentamente, enquanto beberricava o café.
- Onde vai passar a Consoada, senhor? – Perguntou a menina com tristeza. – Não pode ficar na rua na noite de Natal. Alguém tem de fazer alguma coisa!
- A cabana abandonada ao pé do rio até que nem é má, se não me cair em cima antes – riu-se o homem - Eu fico bem, não se preocupe. Acha que me arranja dois pãezinhos-de-leite para Consoada, menina?
- Oh, claro que sim! Passe aqui amanhã ao fim da tarde, que eu dou-lhe os pães-de-leite e um frasco de compota. Tenho algumas moedas guardadas. Se eu pagar, o meu pai não pode refilar… - disse algo divertida com a travessura. – Eu até o convidava para passar a consoada lá em casa, mas vamos passar o Natal a casa de uns primos, numa vila aqui perto.
O velhote anui com um gesto lento da cabeça e volta para o frio da rua, sempre com o cão ao lado, que o olhava com gratidão por os dois terços de pão-de-leite que tinha no estômago.
- Não há cão como tu, Chopin! Nunca te esqueças disso. – Disse emocionado, por entre mais um ataque de tosse violenta.
Parou em frente à ourivesaria a apreciar os relógios de cordões de ouro reluzente que se exibiam na vitrina. O ourives saiu à rua, e acendeu um cachimbo.
- Bom dia meu caro! Ainda por cá? Está a gostar disto, hein? – Perguntou o homem de fato engomado e barriga de frade, com um sorriso prazenteiro.
- Oh sim. São todos muito simpáticos por estes lados! – Respondeu o velho com gratidão.
- E diga-me… onde é que vai passar a Consoada? É já amanhã. – Perguntou, engasgando-se numa nuvem de fumo.
- Na cabana ao pé do rio.
- Ah! Isso é que não pode ser! Não pode ficar na rua na noite de Natal! - indignou-se -Alguém tem de fazer alguma coisa! – Gritou o ourives enquanto consultava as horas no seu relógio preso por uma corrente de ouro. Franziu o sobrolho a fim de focar os ponteiros e voltou a guardar o relógio no bolsinho do colete. – Eu teria muito gosto em recebe-lo em minha casa, mas vem uma prima da minha mulher da capital, com o seu rancho de filhos, e íamos acabar por ficar todos muitos apertados. Olha, passe por cá amanhã à tardinha, antes de fecharmos. Digo à minha mulher para lhe trazer umas fatias de peru.
- Muito obrigado senhor! Não como peru há muitos anos. Muitos anos! – O velho irradiava gratidão. – Ouviste Chopin? Peru! Peru, Chopin! Ouviste bem?
Estava a atravessar a rua, quando o dono da garrafeira o chamou. - Hei! Chegue aqui! Como anda? Ainda por cá? – Perguntou o homem muito rapidamente num grito alegre.
- Ainda. Devo de ir embora para a semana. – Disse o velho entre um ataque de tosse.
- E onde é que vai passar o Natal, meu caro?
- Na velha cabana ao pé do rio… consegui juntar um pouco de lenha seca, o suficiente para fazer uma pequena fogueira. A menina da padaria vai dar-me uns pãezinhos-de-leite e compota, e o ourives umas fatias de peru. Há muitos anos que não tenho um Natal tão farto! – disse o velhote quase rindo.
- Oh, não pode ficar naquela barraca na noite de Natal! Alguém tem de fazer alguma coisa! Escute, passe por cá amanhã antes de fechar aqui a loja, que eu dou-lhe uma garrafa de tinto! Que lhe parece? – Disse o homem piscando o olho. – Eu até o convidava para passar o Natal connosco, mas vai lá estar o meu irmão… o médico, sabe, e ele tem a mania que é muito fino. Não se dá com toda a gente, sabe?
- Não faz mal. Mas muito obrigado pelo vinho, é muita bondade da sua parte. Vinho para acompanhar o peru! Muito obrigado senhor… Deus lhe pague.
O velhote afasta-se com lágrimas nos olhos, agradecido pela generosidade daqueles desconhecidos.
- Sabes Chopin, antes, no Natal, a minha mulher fazia sempre um grande banquete. Punha a toalha vermelha na mesa, tirava a louça de porcelana dos armários, os copos de cristal, e fazia uma fogueira de labaredas altas. E depois trocávamos presentes embrulhados em papel de seda colorido. Já te tinha dito isto, Chopin?
O Chopin lambeu-lhe a mão e o velho afagou-lhe a cabeça morna. – Não há cão como tu, Chopin. – disse com a voz embargada por entre mais um violento ataque de tosse. Olha para a mão que levou à boca, velha e ensanguentada e fecha os olhos num instante de reflexão.
Custa-lhe cada vez mais andar… uma nuvem de bafo quente e fraca sai-lhe da boca. A neve caía como farinha peneirada, e cobria tudo como uma mantinha de croché fofo.
A florista, de avental de couro, está atarefada a mudar vasos e jarras de flores de sítio em frente à loja.
- Bom dia! Ainda por cá? Como vai o senhor? – Pergunta ela alegremente ao velho indigente.
- Vai-se andando, muito devagarinho. – Diz ele bem disposto. Encosta-se a um poste e começa a tossir violentamente.
- O senhor não me parece nada bem. Precisa de uma cama macia para dormir e um lume forte para o aquecer! – Recomendou preocupada a florista.
- Pois… é como diz a senhora. Mas terei de me contentar com a cabana abandonada ao pé do rio. – Diz um velho com um sorriso terno, resignado e sem mágoa.
- É lá que vai passar o Natal? – Pergunta, indignada. – Isso é que não pode ser! Não, não! Alguém tem de fazer alguma coisa! Ouça, passe por aqui amanhã, à horinha de fechar, que eu dou-lhe uma cestinha de frutas e um pacotinho de nozes.
- Oh, muito obrigado! Como lhe agradeço! - Diz o velho emocionado.
- Não agradeça… afinal de contas, é Natal. Não pode é dormir naquele casebre. Alguém tem de fazer alguma coisa. Eu até o chamava lá para passar o Natal connosco, mas o meu marido é muito avesso a ter desconhecidos em casa. Se não fosse isso…
- Não tem importância. Eu fico bem… tenho lenha seca, pães-de-leite, compota, peru, vinho e frutas! Vai ser um regalo, este Natal. – Diz o velho rindo, visivelmente contente e agradecido.
O velho volta para o casebre. Não tem porta nem janelas. Vêem-se as vigas de madeira, descarnadas dos tijolos de barro envelhecido. Olha para o monte de lenha a um canto e sente-se tentado a acende-la. – Não pode ser Chopin… é para a noite de Natal.
O dia amanheceu cinzento e gelado. A neve, furiosa, voava vinda de todas direcções. O velho tremia a um canto, a invadido de frio e de febre. Não se consegue mexer com as dores que lhe massacram o corpo e com a tosse que lhe sacudia a alma em convulsões violentas. Balbucia palavras sem nexo e chama por Chopin. O cão, que ainda não tinha saído da sua beira, lambe-lhe as faces com ternura e deita-se em cima das pernas velhas e cansadas para o aquecer.
O tempo lá fora, passa lento e o velho recompõe-se um pouco. – A fome aperta, não é Chopin? O que vale, é que hoje vamos ter um banquete digno de um rei! Essa é que é essa!
Olha pela janela e calcula que a tarde já deva ir a meio. – Temos de nos apressar Chopin. – Diz o velho. O cão agita a cauda, contente por ver o dono de pé e pousa-lhe a pata numa perna. – Não há cão como tu Chopin, nunca te esqueças disso.
Caminham, velho e cão lado a lado. Os ataques de tosse são cada vez mais violentos e longos. Começa a cair uma chuva miudinha e fria. – Depressa Chopin! Vamos acabar ensopados.
Chega à vila silenciosa e escura. A árvore de Natal, de pé no meio da praça, olha para eles, triste. A chuva miudinha que entretanto se tinha tornado de uma tormenta de ventos fortes e gotas pesadas, tinha arrancado mais de metade das bolas e laços que enfeitavam a árvore, e estavam agora espalhados pelo chão, rodopiando ao sabor da tempestade.
O velho acelera o passo e dirige-se à padaria. Fecha as mãos em concha e espreita pelas janelas escuras – Oh Chopin! Chegamos tarde Chopin! Oxalá a ourivesaria ainda esteja aberta…
Caminham apressados. A ourivesaria apresentava-se também de janelas escuras e sem vida. O velhote, num acto desesperado, bate à porta com força… mas apenas lhe responde um silêncio frio. – Oh Chopin, nem pães-de-leite nem peru. A culpa é minha, que não consegui vir mais cedo.
Chegaram à garrafeira. A porta fechada de madeira negra e ferrolhos pesados, condizia com o desalento das janelas de cortinas corridas. O velho engole em seco e deixa cair uma lágrima, apenas uma. A fome triturava-lhe o estômago, impiedosa e cruel. A chuva já lhe tinha trespassado o casacão pesado e a velha camisola esburacada de lã. Uma das solas desprende-se das botas e ele fica com um pé descalço no chão.
Numa última chama de esperança, corre para a florista. Queda-se à entrada fechada. As mãos caem-lhe ao lado do corpo num desalento gritante. As lágrimas, agora soltas e abundantes, preenchem-lhe as rugas desenhadas pela idade e pelas amarguras da vida…
- Vamos embora Chopin. Desculpa, oh, porque não vim mais cedo? Desculpa amigo, que noite bonita e farta poderíamos ter tido…
Caminham de volta ao casebre, ensopados e a tremer, com uma fome que consumia cada célula dos seus corpos. O velho tossia sem parar, com uma violência que lhe despedaçava os pulmões. Quando se aproxima do casebre, verifica horrorizado e em pânico, que metade tinha ruído com a força da tormenta. Num dos cantos, o telhado permanecia intacto, mas no lado onde ele tinha guardado a lenha, jazia agora um monte de escombros ensopados. O velho, de lábios trementes e gelados, deixa-se cair de joelhos e chora. Chora a vida que teve, chora a vida que poderia ter tido, chora os seus sonhos e a suas esperanças. Chora tudo o que não chorou durante anos e anos de vida solitária e errante. Agacha-se a um canto e deixa-se ficar a tremer e a chorar. – Desculpa Chopin… merecias melhor que isto na Consoada. – O cão gane baixinho e deita-se em cima do velho, que o afaga com os dedos magros e débeis. E é então, que sob um trovão ensurdecedor, a terra tremeu e o resto da cabana ruiu.
No dia de Natal, um sol frio mas radioso, penetra pelas janelas e acorda a vila adormecida. Alegres e agasalhados, de barrigas ainda cheias da noite anterior, dirigem-se à Igreja para assistir à missa de Natal. Conversam alegres. Falam na tempestade da noite passada, na alegria que era ter a família junta, nos presentes trocados…
A florista pergunta se alguém sabia do velho indigente. Mas ninguém sabia, ninguém o tinha visto. Ele não tinha aparecido para ir buscar os pães-de-leite, o peru, o vinho e a fruta. Ouvem-se vozes desconsertadas, embaraçadas, culpadas.
- Meu Deus, pobre desgraçado! Não me digam que passou a Consoada sozinho naquele casebre a cair aos bocados! – Gritou incrédulo e chocado, o dono da garrafeira. – Não chegou a vir buscar a garrafa de vinho… - murmurou para si próprio.
Um pequeno grupo forma-se. Apressam-se à cabana junto ao rio. A menina da padaria ia em ultimo, a chorar baixinho, - ele não veio buscar os pães-de-leite e a compota… devia ter ido à procura dele… oh – Repetia para si própria. Quando lá chegam, só encontram um monte de tijolos velhos e vigas de madeira podres. Avista-se por baixo dos escombros, uma mão branca e sem vida. Velha, triste, coberta pelo desamparo da morte.
As pessoas, de tez carregada de angustia, começam a remover o entulho apressadamente. – Rápido! Rápido! – grita o ourives.
Conseguem chegar ao velho, que nunca ninguém chegou a saber o nome ou a conhecer a história. O cão, jazia em cima da sua barriga, como se tivesse feito um derradeiro esforço para aquecer o dono.
- Pobre desgraçado! Ninguém merecer partir deste mundo assim… - diz o ourives tristemente, carregado de culpa, rodando o anel de rubi no indicador.
- Merece um enterro condigno. – Levantam-se algumas vozes.
- Alguém tem de fazer alguma coisa. – Dizem.
- Sim… alguém tem de fazer alguma coisa.

oil painting por Rembrandt

29 comentários:

Johnny disse...

É mesmo dos melhores. Uma excelente mensagem para esta altura do ano. A ver se todos fazemos alguma coisa.

Brown Eyes disse...

Ginger um verdadeiro conto de Natal que retrata a nossa sociedade. Não faltou nada nem a frase: Alguém tem que fazer alguma coisa. Alguém tem mas ninguém faz. Este conto de Natal fez-me chorar tanto como as reportagens que vejo nessa noite sobre os pobres, os que vivem na rua. Todos devíamos ter o direito a uma casa digna, depois de uma vida de trabalho. Estas pessoas desistem de lutar e compreende-se, sabe-se o que as faz desistir. Todos poderemos ter este futuro e ninguém pensa nisso. Há sempre uma desculpa para não encararmos esta realidade. Esta gente sabe dividir o pouco que tem, tu bem deixaste isso aqui frisado, dividia o pouco com o cão, o único amigo que tinha. Porque nós não conseguimos dividir o que temos? Porque em vez de comprarmos coisas que não precisamos não dividimos com essa gente? Não me diz nada o Natal, não poderia dizer, não sou católica e além disso sei que esta é a noite mais triste para muita gente. Para quem está só e para quem perdeu alguém. Sempre que posso lembro-me desta gente e luto contra o meu egoísmo e comodismo. Esperava poder mais e poder fazer o que compete aos governantes: arranjar um lar digno para esta gente. Esta gente não pode pagar as fortunas que pedem para acabar os dias num lar. Lares outra oportunidade para fazerem fortunas. Não se compreende que quem ganha reformas de 200 e tal euros possa pagar 500 ou mais para acabar dignamente a sua vida.
Lindo Ginger e muito real.

Teresa Diniz disse...

Uma história muito triste, na verdade. Mas lembra-nos que não podemos deixar tudo para os outros, temos de fazer qualquer coisa, mesmo!
Bjs

Eva Gonçalves disse...

Muito bom. Gostei deste conto. É isso mesmo... alguém (nós...) temos de fazer mais...

Mulher a 1000/h disse...

Pena que ninguém o fez! Muito bonito o Conto! Parabéns! :)

meldevespas disse...

Lindo, lindo, lindo!
Semeia-nos no coração uma ponta de angustia que custa a desaparecer.
Falamos muito, temos muita pena, mas a verdade é que fazemos muito pouco para alterar o que quer que seja. Vivemos virados para nós mesmos, e o que vai fora é apenas merecedor de um breve suspiro de pena que não serve para nada. Eu ao contrário da Mary B., sou católica e esta é uma época do ano que me toca de uma forma particular, nem que seja no reconhecimento da minha inércia. Contribuimos patra uma qualquer campanha, das muitas que há nesta quadra e lavamos daí as nossas mãos.E triste, mas verdade.
Beijinhos e parabéns pela delicadeza e sensibilidade com que trataste o assunto.

Su m disse...

Fantástico. Muitos parabéns pela beleza da escrita que adoro e acima de tudo pela forma como retrataste a cruel realidade do egoísmo (ainda que muitas vezes não propositado) de todos nós.
É uma boa forma de decidir que este ano sou eu que tenho de fazer alguma coisa.

João Roque disse...

Magnífico e comovente!!!!
Que prazer ler este conto, obrigado...
Beijinho.

Catsone disse...

Ginger, triste, comovente e, infelizmente, muito verdadeiro.
Muita gente deveria fazer muita coisa mas...

Abraço

Sync disse...

Já não escreves para ti ?! =|
That makes me sad.
(ainda não li... não tenho tempo uPs. Mas vou. Porque adoro ler coisas tuas.. just anything by you, really.)

Anónimo disse...

um verdadeiro conto de natal! juro que pensei, até ao finalzinho, que alguém lhe iria dar um lar para o natal...

Gemini disse...

Gingerbread Girl,

Para não cair no elogio banal,
digo-te apenas que é viciante, a leitura deste texto! É VICIANTE. O desenrolar do teu registo acelarou-me o ritmo da leitura.

A tua mensagem é fabulosa e foi fabulosa e sabiamente que a soubeste passar!

"Obrigas-me", pela tua qualidade, a acompanhar-te o "cantinho"!

Beijoca.

mz disse...

Belíssimo conto de Natal!

Mas não fica só pela beleza de um conto de um conto de Natal...

É um alerta à consciência da sociedade da qual todos fazemos parte!
Não somos indiferentes à pobreza física, comovemo-nos, ajudamos... Muitos de nós ajudamos sim!
Mas é uma ajuda da nossa porta para fora...
As nossas mãos oferecem, mas a nossa porta continua fechada!

*

Ceres disse...

Este texto ilustra magnificamente o que se passa em todos os natáis...

Muito bem conseguido!

Lady Me disse...

Ginger só hoje descobri esta tua faceta!

Escreves bem demais! Parabéns!

Adorei :)

By Me disse...

ALGUÉM TEM DE FAZER ALGUMA COISA...POIS...ENQUANTO ISSO NÃO ACONTECE MORREM PESSOAS TODOS OS DIAS POR ESSE MUNDO FORA PORQUE OUTROS INTERESSES MAIS ALTOS SE LEVANTAM...E TODOS SABEMOS QUE SER POBRE É UM ESTIGMA.PORQUE A POBREZA ENVERGONHA...
INFELIZMENTE É O MUNDO QUE TEMOS...UMA SELVA...

Lala disse...

Estou para escrever aqui desde o primeiro dia... Assim que vi o teu post a primeira coisa que fiz foi imprimi-lo. Sim! Gosto de ler os teus contos em papel. Sossegada. Li-o 3 vezes. Em dias diferentes. E das 3 vezes deixei cair uma lágrima aqui outra ali. Entrei no teu conto 3 vezes, desempenhei alguns papéis... e chorei porque até agora não fiz nada! Parabéns Ginger, Parabéns.

Beijinhos

► JOTA ENE ◄ disse...

ººº
Como é que uma mulher da Bielorussia, sabe português correcto? Minha alma tá parva.

Carpe Diem

Brown Eyes disse...

Ginger hoje vi uma reportagem na SIC de um Homem que vive numa gruta,perto do mar, não percebi onde, mas percebi que as pessoas se estão a juntar para lhe arranjar uma habitação e um trabalho. Ele era talhante mas, por causa da má sorte acabou ali. Diz que quando sair dali irá lá todos os domingos deixar umas flores na gruta.O Homem só tem medo que uma onda o leve. Há um senhor, penso que ira pescador, preocupado com ele, ofereceu-lhe um telemóvel e todas as noites lhe liga para saber se está bem. Ali a sociedade para fazer mais que dizer:
Alguém tem que fazer alguma
coisa...
Claro que me lembrei logo da tua história que me tocou profundamente e de ti, lógico, que não me sais do pensamento, assim como os elfos. Já ando com saudades de ler alguma coisa tua.
Beijinhos

Ginger disse...

Também vi a reportagem Mary. Claro que me lembrei imediatamente deste conto... o mais estranho é que via-se que aquelas pessoas se preocupavam com o homem, ao ponto de lhe levarem comida e darem um telemóvel (!!!!), mas ninguém arranjou um sitio condigno para ele dormir. Nem um anexo arranjado, como tanta gente tem... uma garagem seca, qualquer coisa.
Ele tinha família que estava pronta para o acolher, mas sabe-se lá o que se passou entre ele e a família para ele não querer ir para ao pé deles... não se deve julgar. Ele lá terá as suas razões.
Pobre coitado.

Brown Eyes disse...

Sabes que a família, muitas vezes, é a primeira a deitar-nos abaixo, como compreendo isso, melhor mal que ao pé de determinadas pessoas. Mas também pensei nisso, será que ninguém tem uma garagem, um anexo? Não sei, se calhar não.
Beijinhos

Lala disse...

Gingeeeeeeeeeer! Estou doidinha à espera do próximo... Hihi! [não estou a exigir, claro... É apenas um pedido e a forma de te mostrar que gosto do que venho aqui ler]!

Bjs!

Miguel disse...

Um conto excelente!!!
talvez generalizando um pouco acho que o ser humano é uma raça fenomenal e única! é capaz de ajudar as pessoas mentalmente!! somos mesmo muito evoluidos e ainda andamos para aí à procura de outros seres por esse espaço fora! para quê??!!

Bom Natal Ginger! :)

Coffee Taste disse...

Muito bom o teu texto. Podes não acreditar, mas estou aqui numa choradeira pegada. Não só pelo conto maravilhos, nem pela data, nem pela vida. Por tudo junto... Despertaste-me com isto e agora sou toda emoção.

A propósito lembrei-me de um casal de Barcelos que conheci há pouco tempo, em trabalho. Eles acolheram um mendigo, que se acomodou num anexo que já foi adega e agora é um quartinho. Agradece tudo acrescentando que não queria dar tanto trabalho. Com ele levou um cão coxo e nunca o deia dormir na rua.

Obrigada, pelas emoções à solta e por teres dado um rumo às minhas lágrimas que só esperavam um pretexto.

Cu de Barbas disse...

lenka ta fantastico, senti a humanidade no teu texto e fizes-t um retrato social sublime, ingenuo e caustico.

achei brilhantemente triste.

do melhor q li d ti

By Me disse...

CHOPIN VEIO PARA FICAR?

UMA REALIDADE A QUE A MAIORIA VOLTA O ROSTO...INFELIZMENTE...NÃO SE PODE ACEITAR QUE NA PRIMEIRA DÉCADA DO SEX 21 ESTE TIPO DE CASOS AINDA SE ARRASTE POR AÍ...TAMBÉM NÃO É MENOS VERDADE QUE CONHEÇO CASOS EM QUE AS PRÓPRIAS PESSOAS GOSTAM MESMO DE VIVER NESSAS CONDIÇÕES...E MESMO DEPOIS DE LHE SER CEDIDO UMA NOVA CASA ACABAM POR TORNÁ-LA NUMA MÍSERA CASA DE HABITAÇÃO...

BOM ANO E ASTA

lio disse...

- Sim...alguém tem de fazer alguma coisa!
Rir... por exemplo!
Touché, kanto ao seu comentário sobre a beleza de janeiro!
;)

Anónimo disse...

Um conto que (não sei por que em parte) me lembrou Tchecov, em uma de suas muitas e maravilhosas letras, em que narra a busca condutor de cavalos à alguém que o ouvisse sobre o filho morto, mas acaba sozinho ao frio com seus cavalos.

Abraços

Daniel C.da Silva disse...

Wow... Sem fôlego. Mas sem um fôlego bom :) porque os teus textos sao mesmo assim. XXL como dizias dos meus, com a diferença da qualidade nos teus e no pendor de história com que contas/escreves. Mas nao aandones deswta maneira o teu canto la por causa da fabrica das letras :) Eu nao tenho tempo para tudo e por isso nao escrevo lá.

Bem, respondi num recente comentário lá no meu blog, que tu és uma das pessoas que apesar de tudo do tamanho XXL dos meus textos lê-os até ao fim. POis ficou la outro, mas ainda assim maism pequeno que o teu.

De qualquer forma vim passar por aqui porque este texto ja tinha sido visionado por mim com pouco tempo mas nao lido como deve ser. So hoje o fiz, mas fi-lo.

Volta mais. Beijinhos amigos