sábado, 21 de março de 2009

Abegayle


Abegayle corria descalça por um campo de margaridas... não porque estivesse apressada em chegar a algum lado, mas apenas porque lhe sabia bem. Leve, sem preocupações, aceitava o sol que lhe acariciava as faces e lhe beijava a boca. Pára, arranca da terra quente um raminho de hortelã e leva-o ao nariz... inspira profundamente e fecha os olhos durante uns momentos, enquanto uma brisa leve faz os seus cabelos negros ganharem vida... Do alto do monte, contempla por momentos o vilarejo que se erguia em baixo e solta um suspiro de tédio.
Continua a correr em direcção a casa. Não tem pai nem mãe à sua espera, apenas um velho casal de caseiros que já lá trabalhavam desde muito antes de ela nascer, três jardineiros e uma empregada quarentona e bem disposta.
Aos vinte e dois anos, ainda não tinha casado. Não por ser feia ou por falta de dote, mas devido ao seu feitio tão peculiar. Por vezes saía de casa de manhã e só voltava à noite quando a fome se tornava insustentável. Os homens queriam uma mulher que os servisse e fosse a mãe dos seus filhos e não uma mulher assim, com espírito de criança rebelde, tola e mal comportada.
Mas Abegayle era feliz mesmo sem homem, principalmente sem homem... pensava ela algumas vezes, não muitas vezes, pois não era dada a este género de devaneios.
Entra pelos portões saltitando e cumprimenta quem encontra com sorrisos travessos.
-Trouxe-te flores, Margareth!! - estende um ramo de margaridas à velha governanta com um sorriso carregado de apreço e ternura.
-Oh menina... descalça outra vez!! - abana a cabeça tentando parecer zangada- Obrigada pelas margaridas... mas com as mais belas flores de Inglaterra a crescer no seu jardim, porque me tráz essas apanhadas nos montes?
-Porque são livres Margareth... são selvagens. Têm outro encanto - pisca-lhe um olho e sorri.
A brisa que lhes trazia o cheiro a bosques frescos e a flores do campo, começa a trazer-lhes um cheiro a queimado... a carne queimada.
Os outros empregados reúnem-se-lhes silenciosos, todos de olhos voltados na direcção da vila.
- Quem foi desta vez? - pergunta de voz neutra e olhar triste, o que nela era uma raridade.
-Mary Atkins... a esposa do pastor. Acusaram-na de ter provocado a morte de todos os rebanhos dos outros pastores, de ter feito apodrecer os milheirais e de ter sido vista numa noite de nevoeiro cerrado, a pairar nua, montada numa vassoura numa clareira dos bosques. Disseram-me ontem, que desde que foi condenada, ninguém na vila consegue beber leite, pois ele azeda antes de chegar à boca. - Margareth diz tudo isto com um tom de voz monocórdico e pesaroso.
-Ás vezes penso que estaríamos todos melhor fora deste país maldito! - diz Thomas, o marido de Margareth - fala baixinho e com uma voz inexpressiva - A Santa Inquisição tomou conta de Essex. Ninguém pode apanhar um raminho de ervas sem se tornar suspeito.
-Pobres almas, pobre Mary... oh Deus. - diz Margareth de voz desfeita.
A menina-mulher solta um grito de entusiasmo, completamente despropositado e pergunta o que é o almoço. A velha governanta dá-lhe um sermão para que se contenha porque o momento é de pesar.
-Oh... pela pobre Mary nada podemos fazer... mais vale então almoçarmos, não lhe parece? Não seja assim. Estou esfomeada! - finge um beicinho e inclina-se sobre a velha anciã, dando-lhe um beijo na face seguido de uma risada.
Corre para dentro de casa, aos saltinhos e pinotes, fazendo lembrar uma cabrita endiabrada.

Todos na pequena vila sabiam que Abegayle era meio tola... após o terrível incidente há quinze anos atrás, a sua capacidade de amadurecer tinha secado. Perdeu o tino e o seu corpo foi crescendo, mas nunca acompanhado da razão.
Os seus pais tinham-se tornado burgueses prósperos ao comercializarem inteligentemente todo o género de produtos, desde tecidos a leite de cabra. Em poucos anos fizeram uma verdadeira fortuna. Quando as pessoas na vila se aperceberam do quanto o seu negócio crescia, consumidos pela inveja, deixaram de frequentar o armazém da família, mas eles imediatamente criaram uma rede de abastecimento pelas vilas vizinhas, crescendo assim mais que nunca.
Quando tinha sete anos a sua mãe foi acusada por uma vizinha de ter sido vista nos bosques a fornicar com o diabo numa noite de lua cheia por livre vontade vendendo assim a sua alma em troca de riquezas. Havia também rumores de que tinha ressuscitado uma criança. A quinta dos Okley's foi revistada e foram encontrados vários ungentos, potes com ervas venenosas e várias bonequinhas feitas de camisas de milho.
A sra. Okley foi acusada de bruxaria em alto grau, de manter relações sexuais com o próprio demo, de ter ressuscitado uma pessoa, algo apenas permitido a um santo e a Deus, e de conduta social perniciosa. Torturada durante meses, negou berrando de desespero as acusações até ao momento em que a amarraram a um poste e lhe acenderam uma pilha de lenha por debaixo dos pés, em plena praça publica e perante o olhar horrorizado da filha e do marido.
A menina foi então também submetida a intensos interrogatórios para se tentar saber se a mãe lhe tinha passado ensinamentos heréticos ou qualquer outro tipo de poderes, pois era óbvio que ela podia perfeitamente ter herdado os genes de bruxa da mãe. Acorrentada numa pequena cela de pedra imunda, totalmente despida, mal alimentada e coberta com os seus próprios excrementos, Abegayle chorava dia e noite. Chorava pela mãe que tinha visto ser consumida pelas chamas à sua frente, chorava pelos abraços quentes de seu pai e chorava principalmente de incompreensão.
É por fim libertada, quando a vizinha que tinha acusado a mãe, ao ser atirada para o leito da morte por tuberculose, num ataque de remorsos confessa que tinha sido tudo invenção sua e pede a Deus o perdão supremo pela sua redenção.
Quando regressa à quinta da família descobre que o seu pai tinha morrido de desgosto e que em casa apenas a esperavam os caseiros e alguns fiéis empregados.
A fortuna arduamente acumulada por seus pais permitem-na viver sem preocupações e manter a bonita quinta e os seus frondosos jardins que eram na verdade, a sua verdadeira paixão.
A partir do dia que regressou ao lar, a menina não voltou a derramar única lágrima, e tornou-se no mais alegre ser da região. Tola, portanto. Todos se habituaram a vê-la correr pela praça, descalça e a cumprimentar alegremente todos por quem passava pelo nome.




Numa certa manhã de calor intenso, um rapaz recém chegado à vila, e à procura de um emprego que lhe desse um tecto e duas malgas de sopa por dia e um tecto para dormir, tenta a sua sorte na quinta dos Okley's.
Margareth estava já a dizer ao moço que não tinham trabalho para ele, quando surge Abegayle a correr ofegante, com uma coroa de rosas na cabeça e com um vestido branco quase translúcido. Parou estática, com os olhos fixos nos do rapaz enquanto o vento lhe empurrava de frente a roupa, fazendo-a colar ao corpo e vincando todas as suas formas de menina-mulher. No seu peito repousava presa por uma corrente de ouro, uma pequena medalha tosca em forma de sol.
Enamoram-se ali, sem aviso, sem terem tempo de tomarem fôlego e sem vergonhas.
- Pode ficar com o trabalho sim. – toda ela é chocolate derretido, toda ela é mel, toda ela arde de desejo.
Margareth sobressalta-se em pânico. – Menina, não! Não temos trabalho para ele! Desculpe moço, mas vai ter de ir embora... não há nada para si aqui.
- Sim! Pode ficar sim! Precisamos de mais um jardineiro Margareth.– pela primeira vez em quinze anos Abegayle usa a sua autoridade de patroa e impõe-se sobre a velha e boa caseira que a tinha tomado como filha. – Não há motivo para receios querida Margareth – diz tentando tranquilizar a velhota.
- Se a menina o diz... – diz ressentida e preocupada – Seja bem vindo então.
- John, o meu nome é John.- diz ele algo envergonhado sem tirar os olhos toldados de ardor, daquela estranha jovem de coroa de rosas na cabeça.
- Venha, eu mostro-lhe a quinta! – segura-o pela mão e, de sorriso aberto, puxa-o atrás de si.
John fica maravilhado com a quinta. Todo o local está imaculadamente jardinado... e
para além dos fantásticos jardins vê uma vedação com cavalos e terras cultivadas. A sua atenção é captada para um pequeno bosque que sobressaia do resto do arvoredo. Era composto de árvores centenárias, gigantescas... muitas delas com raízes expostas como músculos descarnados, e entre as árvores, a vegetação era tão densa que ele acho improvável que alguém conseguisse entrar ali. Achou estranho o facto de numa propriedade tão bem cuidada, tivessem deixado as silvas e as urtigas tomarem conta daquele cantinho em particular que se tinha provavelmente tornado num ninho de cobras.
-Tem de se fazer alguma coisa a respeito daquilo, não lhe parece senhora? - diz ele apontando para o matagal que engolia as árvores.
-Não - diz simplesmente Abegayle com um plácido sorriso.
Duas horas depois, vencidos pelo cansaço e pelo calor do meio da tarde, ela convida-o para lanchar. De faces ruborizadas e entre risadinhas tontas, típicas dos enamorados, conversam durante horas acompanhados de biscoitos de mel e limonada fresca que Margareth lhes ia trazendo sob um olhar de pesada censura. Ela fala-lhe sobre a família. Sobre a morte agonizante da mãe atirada injustamente para os braços da Inquisição quando acusada por uma vizinha invejosa e mesquinha , sobre o seu pai do qual nunca teve oportunidade de se despedir, Deus tenha em paz a sua alma. Falou-lhe do cativeiro a que foi confinada durante semanas e aos banhos de água gelada que lhe davam, alternados com banhos de água a escaldar.
-Mas a sua mãe... se não era bruxa, como ressuscitou uma menina? – John estava verdadeiramente curioso com aquela historia tão tristemente grotesca.
-Ela não ressuscitou menina nenhuma – diz distraidamente- A criança estava apenas inanimada. A minha mãe... – cala-se – Já viu que pôr do sol tão magnífico?? - diz, dando um salto em direcção à janela, contemplando o horizonte com um sorriso rasgado.
Ele olha para ela divertido. Nunca tinha conhecido criatura tão extraordinária.
Os dias vão passando... lentos, enternecidos pelo amor inesperado daquelas duas almas...
Tudo lhes era indiferente. Não se importavam se chovia ou fazia sol, se a égua tinha parido, se as sementeiras precisavam de ser escavadas... viviam um para o outro, no limite que o decoro permitia.
O rapaz constata, durante uma pausa no trabalho, que o pequeno bosque deixado ao abandono é pura e simplesmente intransponível. Não havia forma de passar por entre aquele emaranhado de silvas e arbustos selvagens. Mesmo que o quisesse desbastar, nem saberia por onde começar. Falou sobre isso a Margareth, ao que ela replicou com um sorriso gélido, que o bosque era para ficar assim mesmo. Remata a conversa lançando-lhe um olhar velado.

Por mais duas vezes o cheiro a carne queimada inundou a quinta... e se por um lado John ficava extremamente incomodado e se benzia sem parar durante uma hora seguida, Abegayle por sua vez nem reparava e continuava com os seus saltinhos despreocupados que destruíam canteiros de roseiras e hortênsias e que colocavam Margareth à beira de um ataque de nervos.

Num dos anexos da quinta especialmente preparado para ele, Jonh passava as noites em desassossego na cama sem conseguir dormir, e quando finalmente adormecia, os seus sonhos eram invadidos por imagens de Abegayle a correr em seu encontro com apenas uma túnica translucida sob a pele. Agarrava-o, abraça-o, puxava-o para dentro dela... sem hesitações nem pudores... Acordava em sobressalto, húmido de suor e com as mãos a tremer.
Numa dessas noites de insónia resolve sair do seu quarto e passear um pouco pelo jardim, deixando que a brisa fresca lhe enchesse os pulmões. A claridade da lua cheia e fecunda inundava tudo com a sua hipnotizante luz de prata.
Ouve um som de passos a pisar as ervas secas e tem um sobressalto. Olha na direcção da casa e vê um vulto vestido com uma capa preta com capuz que se dirige para o pequeno bosque impenetrável. Algo na figura o assusta e resolve observar em silencio. Quem quer que fosse, caminhava com passos seguros e apressados. Na mão levava um saco preto de tecido grosso que parecia algo pesado.
Jonh não percebe porque a pessoa se dirige ao bosque como se o fosse trespassar, visto que era nitidamente impossível entrar ali. Mesmo a um palmo das silvas, o busto pára e leva a mão ao pescoço, tirando uma pequena chave presa num fio. A mão branca do desconhecido estende-se e afasta uma pequena área coberta de arbustos... e então, como por artes mágicas, o vulto entra pelo bosque adentro como um fantasma atravessando uma parede. Jonh leva a mão à boca, sufocando um grito de espanto. Não sabe que forças invisíveis lhe fizeram os pés mover-se, mas quando dá por si, já ele próprio se encontra à entrada do pequeno bosque. Apercebe-se que por detrás de vegetação se encontra uma porta de grades de ferro tosca, impossível de encontrar a menos que se soubesse onde procurar. Aterrorizado, mas movido por uma curiosidade irrefreável decide entrar.
Lá dentro, vê uma enorme clareira iluminada pela lua cheia. Aparentemente, o bosque apenas servia para abrigar de forma segura aquele local.
Agacha-se a um canto, protegido pelo tronco de uma árvore e observa o vulto de negro. Fosse quem fosse, movimentava-se com destreza... tinha pegado numa vassoura feita com um emaranhado de ramos atados numa das extremidades e varria a clareira lentamente em movimentos circulares enquanto entoava uma cântico sussurrado. Do saco começa a tirar artefactos estranhos que ele nunca tinha visto. Símbolos esculpidos em madeira, pequenas pedrinhas com gravações,um pequeno caldeirão em ferro, velas de várias cores, uma garrafa de vinho, frasquinhos de ervas e um boneco tosco feito de serapilheira.
Jonh olha abismado tomando aos poucos a consciência de que estava perante actos heréticos avessos ás leis do Senhor. Benze-se repetidamente, completamente em pânico, esperando que a qualquer momento o vulto se voltasse para si. Mas quem quer que fosse, continua abstraído naquele ritual diabólico. Acende várias velas, depois de as untar com azeite e coloca uma mistura de ervas no pequeno caldeirão, pegando-lhes fogo de seguida... ajoelha-se no chão e segura o boneco de serapilheira de encontro ao peito... começa a bambalear-se para trás e para a frente enquanto lhe continuam a sair dos lábios palavras imperceptíveis e ininterruptas. Passados alguns minutos pára e levanta-se. Leva uma das mãos ao peito e desfaz o laço que lhe apertava a capa. Primeiro desliza o capuz, mostrando uns sedosos cabelos pretos e depois a capa cai-lhe aos pés... revelando a nudez integral de uma jovem mulher. Levanta os braços, levando o boneco em direcção aos céus e espeta-lhe um alfinete no coração e pousa-o no chão. Pega num punhal de cabo negro e ergue-o por sua vez no ar... e é então que ainda em transe se vira lentamente.
- Abegayle!! - Jonh não consegue conter o grito de espanto e horror.
Ela abre os olhos, e apanhada de surpresa e deixa cair o punhal no chão, mas sorri-lhe, complacente.
- Jonh... meu querido.
- Cale-se!! Bruxa!! Herege amante do demo!! Sois um ser malvado!! Afastai-vos de mim!!- Jonh chora de desgosto e berra palavras de ódio aquela bruxa traiçoeira. - A sua mãe era bruxa também!! É uma família de bruxas!! Que ardam todas na fogueira!
Abegayle avança para ele calmamente... agora já sem sorrir. Tinha perdido todo o ar de menina tola. Falou com uma voz dura e magoada.
- A minha mãe era bruxa sim... nunca o confessou pensando que de alguma forma me protegia. Deu a sua vida por mim. Ironicamente era inocente de todos os crimes de que foi acusada.
- Não, oh por Deus, não!- o rapaz era personificação da desilusão, confuso e com uma dor crescente no peito que parecia devora-lo vivo. - Que boneco era esse?? Que boneco era esse?
- Matas-me!
- Não Jonh... apenas protejo o nosso amor... - Abegayle sorri-lhe com ternura.
- Afastai-vos de mim! Vou embora! Vou à vila!! Vou contar a todos quem sois!! Ajuda!! Alguém me ajude!!
Ouvem-se passos atraídos pela gritaria... ele vira-se e vê os caseiros e os restantes empregados atrás de si... todos de capas negras que lhes cobrem os pés. Gagueja, em pânico... aterrado. - Todos vós, oh meu Deus, todos vós!!
- Menina, eu avisei-a - Margareth parece algo aborrecida.
O rapaz, enlouquecido pelo desgosto e pelo sentimento de traição, pega no punhal caído no chão e começa a correr em direcção a Abegayle. Ela pega na vassoura e montando-a, ergue-se a dois metros do chão, ficando fora do alcance do rapaz, sempre calma... sempre sorrindo.
- Ser demoníaco! - diz Jonh num sufoco, de boca aberta, olhando petrificado para a amada... julgando já estar a viver dentro de um pesadelo.
Larga a faca no chão e foge aos gritos em direcção da vila.
- Menina... -Margareth lança um olhar inquiridor a Abegayle.
- Deixem-no ir... - diz calmamente enquanto uma lágrima lhe escorre pela face.
- Mas...
- Deixem-no ir! - grita Abegayle com um olhar duro.
Jonh corre o mais rápido que pode... mas tropeça nos próprios pés tantas vezes que demora dez vezes mais a chegar à vila do que seria necessário. Chega à alvorada e começa a bater em todas as portas, aos murros e aos gritos - A Quinta dos Okley's!! São todos bruxos!! Todos! A Quinta dos Okley's! Abegayle é uma bruxa!! Quer matar-me! Todos querem matar-me!! Todos eles!!
A vila vai acordando aos poucos... passos vêm à rua... alvoroço... tochas... forquilhas... gritos de ódio, gritos de ordem, gritos de morte.
Uma pequena multidão dirige-se para a antiga quinta... todos tropeçando pelo caminho inexplicavelmente, demorando assim dez vezes mais o tempo necessário para lá chegar.
Já o sol do meio-dia vai alto no céu quando os gritos chegam aos portões da propriedade.
Arrombam as portas e caminham por todas as divisões procurando os traidores hereges... mas os passos ecoam... tudo está vazio... cada quarto, cada sala, cada armário. Os animais tinham sido libertos e caminhavam livremente pela quinta... apenas os cavalos tinham desaparecido também.

22 comentários:

weee disse...

FA
BU
LO
SO

Papei este texto como se fosse uma "salada de ovo cozido" :O

1REZ3 disse...

:)

É bom ter-te de volta.

Ainda que seja só por este bocado...

Bj.

Anónimo disse...

Este texto fez-me lembrar a Rosa brava :\

Ginger disse...

Caro Anónimo, tenho de admitir a minha ignorância no que respeita à Rosa Brava... =|

Googlando apareceu-me isto:

"Rosa Brava é um romance histórico que fala da vida de Leonor Teles,
uma mulher inteligente, que tinha tanto de bela com de astuta e
perigosa. contra todo e contra todos conseguiu o que mais queria: ser
rainha de Portugal.
O livro retrata a sua vida desde os tempos em que vivia na Beira,
obrigada a casar com o Marquês de Pombeiro em 1368, até à ascensão do
seu poder. Senhora destinada a grandes coisas, parte para Lisboa,
abandonando o seu marido e o seu filho, para vir fazer parte da corte,
juntamente com a sua irmã. aí, consegue facilmente seduzir o próprio
rei de Portugal, D. Fernando, que convence a anular-lhe o matrimónio e
a casar com ela. este casamento não foi bem visto pelos irmãos do povo,
chegando alguns até a recusarem-se a ajoelhar-se perante a nova rainha
e a partir de Portugal apesar de conseguir ser rainha, Leonor Teles
nuca foi nada pelo povo, recebendo o cognome de Aleivosa, traiçoeira.
De facto, nem o próprio Rei confiava na rainha, pois no seu testamento,
caso ele morresse, não daria a coroa a rainha, apenas a tornaria regente
até o seu primogénito pudesse subir ao trono. Ao saber isto, a rainha
sentiu-se traída e fez tudo para evitar este testamento, pois nunca
teve um filho homem do rei e sabia que se o rei morresse o trono seria
para o seu irmão D. João, adorado pelo povo e casado com a sua irmã.
Leonor, com uma relação "apimentada" com D. João envenenou o infante e
criou boatos que diziam que a sua irmã o traia no seu castelo quando
este estava fora: D. João ao crer nestes falsos boatos e completamente
furioso dirigiu-se ao seu castelo e matou a sua própria mulher. No
entanto depressa percebeu que Leonor lhe tinha mentido e vendo o seu
enorme erro resolveu fugir. Assim, Leonor viu-se livre quer de D. João
quer da sua irmã. No entanto a Rainha nunca chegou a ter nenhum filho
com o rei, veio a falecer muito cedo. a morte do rei causou uma grave
problema de sucessão, que veio a ser conhecido como a crise de
1383-1385: o rei morreu, deixando apenas uma filha, que estava casada
com o rei de Espanha. D. Leonor, que desprezava o povo Português
depressa se aliou aos espanhóis que não tardaram a invadir Portugal
parta tomar o país: no entanto o povo recessava-se perder a sua
identidade, por isso procurou arranjar uma solução para o trono: a
resposta era o irmão bastardo do rei, D.João, o mestre de Aviz,que
aceitou lutar pelo reino. Junto com Nuno Alvares Pereira, o mestre de
Aviz, tratou de primeiro expulsar D. Leonor que vivia no palácio real
com o seu amante. Depois seguiram-se muitas batalhas contra os
espanhóis que terminaram com a conhecida batalha de Aljubarrota, que
contra todas as possibilidades, deu a vitória para os portugueses,
assegurando a independência de Portugal e o trono para D. João.
d.Leonor viu-se assim expulsa do seu cargo de regente, assim com traída
pelos aliados espanhóis, que decidiram não a ajudar mais, visto esta
não ter mais utilidade para estes. A ex-rainha acabou os dias no
Mosteiro de Tordesilhas, em Valhadolide, onde viria falecer, e segundo
o livro, de uma maneira muito peculiar.
Este belo romance apresenta uma vertente histórica muito concisa e
verídica, permitindo-nos assim aprender diversas informações sobre a
vida desta mulher, assim como as condições politicas, económicas e
sociais vividas nesta época. Um grande trabalho de investigação por
parte do autor fez com que este livro fosse uma fonte não só de prazer
de leitura mas como de valiosa aprendizagem.


=\

O meu texto fez-te lembrar isto?? Fantástico... =|

Denise disse...

Cara, ginger... devo dizer que li o teu texto portanto nao tenho quaisquer forças para ler o da rosa brava!
como tal, vou entao dizer-te que sim, até gostei do texto. olha faz-te mas é mulher e escreve um livro de contos? ya? eu prometo que compro, desde que nao custe mais de 15 euros, e olha que 15 euros já é a puxar para o caro! bem...

até mais ver....

***

Ginger disse...

Cara Denise, o facto de teres lido este texto tooooooodo, é a prova viva de que o mundo ainda tem salvação... é que depois disto, eu já acredito em tudo! =D


Um livro de contos... sim sim... já tá a encapar... só mais cinco minutitos se faz favor... (D)

meldevespas disse...

E???? Já acabou!!?
Estou no trabalho (vergonhoso eu sei), mas estou aqui pegada a este monitor, com os olhos arregalados, a ler-te, e agora n m apeteceia nada q tivesse acabado :((
Amei, amei, amei..oh mulher está mesmo absoluta e completamente maravilhoso. Estou breathless, a sério.
Beijos grandes

Cu de Barbas disse...

ai q coisa grande,enorme em mts sentidos

a descriçao e o suspense estao priceless

gostei mt

e voltou a nao morrer ninguem no fim(cofi)

lol.)

Brown Eyes disse...

Fui levada para um fim romântico, um romance entre o rapaz e Abegayle, mas, inesperadamente, surge um fim diabólico. Ela queria não amar mas matar o jardineiro.
Um Conto magnífico.
Temos aqui uma boa história sobre bruxaria Inglesa. A última bruxa Inglesa foi Helen Duncan, presa durante a 2ª. Guerra Mundial, salva por Churchill que revogou a Lei da Bruxaria de 1735, passando estas a ter os mesmos privilégios que os padres e pastores.
Um conto que nos agarra ao imaginário por alguns minutos e nos deixa com uma sensação a “pouco” quando chegamos ao Fim. Queríamos que ele fosse maior mas, que pena, acabou.

Ginger disse...

Helen Duncan pode ter sido a ultima (aliás, penúltima, a ultima foi Jane Rebecca York) bruxa formalmente acusada de pratica de bruxaria (se bem que ela foi acusada de pratica fraudulenta, julgo)... mas a realidade é que a bruxaria está bem viva e de saúde, em grande parte devido a todos movimentos neopagãos que têm vindo, desde meados do século passado, a ganhar cada vez mais seguidores.
Quando foram abolidas em 1951 as leis contra a bruxaria, Gerald Gardner publicou o livro Witchcraft Today. É a partir deste momento que a bruxaria ganha uma nova força... nomeadamente a wicca.

Quanto à Abegayle... ela estava com aquele feitiço a tentar proteger o amor que partilhava com John. Era de facto uma pessoa boa. Tão boa pessoa que optou por abandonar tudo em vez de "silenciar" o amado.
Ele estava toldado pelas ideias que lhe foram transmitidas pela Igreja a respeito do que era a bruxaria... seria sempre impossível ele conceber uma bruxa a praticar algo de positivo ou benevolente.
Infelizmente parece que não consegui transmitir essa ideia. =\


kiss*

Brown Eyes disse...

"Levanta os braços, levando o boneco em direcção aos céus e espeta-lhe um alfinete no coração e pousa-o no chão." É este espetar de alfinete que leva a creer que lhe quer fazer mal. Na magia negra este gesto é o que indica.O facto de eu não ter percebido a mensagem que querias transmitir não tira valor a esta bela história. Adorei.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Magia negra/branca é um falso termo muito utilizado..
Magia, significa manipulação de energia, e esta não tem côr.. a intenção dessa manipulação sim, é que pode ser positiva ou negativa, e mesmo assim é muito subjectivo, visto que se pode lançar um feitiço contra uma determinada pessoa por uma boa causa.
Quanto ao conto.. adorei.
Beijo Quíntuplo )0(

Unknown disse...

Independentemente do lado para o qual durmas... o comentário que posso fazer é que: Eu gostava de saber escrever assim...uma estrutura narrativa escorreita cujo fio condutor prende o leitor sem sobressaltos, num tom melancólico e de extrema sensibilidade. A densidade das personagens não nos deixa indiferentes. Escreves muito bem. Onde é que andaste escondidad este tempo todo?

Girilim disse...

Parabéns. Excelente. :)

Lord of Erewhon disse...

Bruxas sem vergonha! :)=

Dark kiss.

Starrydots disse...

Mana, tá muito, muito bem escrito.
Será que não dá pra escreveres um próximo capítulo???? Ai eu gostei tanto.
Soube-me a pouco...
Eu acho que ainda se pode derramar muita tinta sobre esta história.

Um abraço apertado

Unknown disse...

Então e actualizações no blog? O último texto deixou saudades...

Daniel C.da Silva disse...

Lê-se de um fôlego apesar de admitir (e peço desculpa por isso) que gosto mais em tipo romance; pareceu-me mais um guião.

Se assim está magnífico, em "versao" romance ou outro estilo que nao este "guião" à falta de melhor termo, estaria ainda mais divinal. Grande mas muito bom...

Beijinho.

Daniel

Quentes e Boas disse...

Demaaaaais!!! Nós aqui no nosso cantinho já te "lemos" ha algum tempo =) Escreves muito bem, é uma delicia!!!
Um beijo Q&B para a menina doce de gengibre!! =)

A&C

Daniel C.da Silva disse...

Gosto sempre muito de te ler. És uma força literária. Mas talvez por isso, e porque os textos costumam ser grandes embora lidos como quem devora um interessante livro, acabam por me faltar as palavras. Leio-te sempre e pouco comento, mas continua... porque te leio sempre :)

Obrigado também por seres uma já amiga do meu canto.

Beijinhos grandes

Johnny disse...

Muito bem escrito. São textos assim que dão azo a comentários que pedem livros e romances e, pelo menos, textos ou contos maiores, porque destreza e fio condutor e capacidade para isso tu tens. Muito bem.